terça-feira, 27 de novembro de 2012


“— A nossa musica tocou ontem na rádio.
— Deu saudade, né?
— Não sei.
(silêncio)
— Ei, pra que exatamente você me ligou?
— Pra nada, quer dizer…
— Diz…
— É que eu fiquei me questionando sobre o que era mais idiota: a “nossa” musica ou você.
— Ah é? E chegou a qual conclusão?
— Você. Você sempre será mais idiota que tudo, sinto muito.
— E mesmo eu sendo idiota, você ainda me liga só pra falar de uma musica que eu nem lembro.
— Não lembra? Ah, vai a merda!
— Viu?
— O que?
— Você aí se importando porque disse que esqueci qual é a nossa musica. Relaxa, ainda sei qual é.
— Tanto faz. Já disse, vai a merda.
— Você gosta de mim ainda, não gosta?
— Tanto faz.
— Eu também ainda sou louco por você.
— Tanto faz.
— PELO AMOR DE DEUS PARA DE FALAR “TANTO FAZ”.
— Viu?
— O que?
— Eu ainda consigo te irritar.
— Eu gosto disso.
— Disso o que?
— Sei lá, disso que a gente tem.
— A gente nem tem mais nada.
— Tem e você sabe.
— Eu sei que você é um idiota.
— Idiota que tu gosta.
— Não, idiota que eu detesto.
— Tudo bem então. Tchau.
— Você tá desligando o telefone na minha cara?
— Ué, você disse que me detesta, que motivo tenho para continuar falando contigo?
— O motivo é que eu quero continuar falando com você.
— E por que?
— Sei lá, de alguma forma estranha, falar com você me faz bem.
— Então você gosta de mim.
— NÃO! Eu não gosto de você, não mais.
— Então tchau.
— Mas que droga! Será que não dá pra gente conversar que nem duas pessoas normais, sei lá, dois amigos?
— Mas a gente não é isso. E tudo bem você ficar aí fingindo que não se importa, só que eu não tô afim de fingir. Eu ainda sou doido contigo e me arrependo de ter concordado com a gente dar um tempo, quer dizer, que merda de tempo é essa? Já se passaram 2 semanas e você não dá notícias, me diz, me diz por favor, o que tu quer de mim, porque eu não vou ficar feito idiota te esperando. Tu é gata, gata pra caralho, gostosa, inteligente, e sei lá, mais um monte de coisas, mas existe milhares de meninas assim, e por mais que eu goste de ti, se você não decidir logo o que quer, eu vou te trocar por alguém que ao menos me dê certeza que me quer.
— Tá bom.
— É sério isso? Não vai nem, sei lá, argumentar? Sério, cara, sério?
— Tá bom.
— Vou desligar o telefone.
— Tá bom.
— VAI A MERDA!
— Tá bom, imbecil, tá bom, quer dizer “tá bom, eu não vou deixar você me trocar, porque eu também sou louca por você e esse tempo que a gente ficou sem se falar foi tão ruim pra mim que hoje eu tive que te ligar só pra ouvir sua maldita voz e esse teu maldito jeito tão estressadinho mas ao mesmo tempo carinhoso. Eu te quero comigo, talvez pra sempre, sei lá, tá?
— Tá bom.
— Imbecil.
— Tanto faz.
— Eu te odeio.
— Te odeio mais. Agora espera.
— Esperar o que?
— To indo aí agora, te mostrar o quanto eu te odeio.”
                    — Cibele Sena 

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